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  • 🌀 Três princípios para captar sem quebrar sua startup.

🌀 Três princípios para captar sem quebrar sua startup.

O que a Ease Labs aprendeu no caminho para levantar mais de $82 milhões em equity e venture debt.

A maioria dos empreendedores romantiza o “dinheiro de investidor” como o passo mágico para crescer. Não é.

Capital só potencializa a direção em que você já está indo: se o seu negócio é frágil, a grana acelera sua queda.

Quando a conta bateu no zero e tudo dependia de uma inspeção da Anvisa, o Gustavo Palhares (Ease Labs) não tinha mais plano B:

Falhar nunca foi uma opção. A gente tinha que fazer dar certo, ou a empresa quebrava.

Gustavo Palhares, Founder & CEO da Ease Labs.

O negócio já estava rodando em caixa negativo, a equipe cansada e cada atraso podia significar o fim da empresa. Foram noites viradas, bônus e reservas pessoais derretendo, viagens longas só para aprender nos corredores de Brasília.

Pra colocar a cereja no bolo, ainda veio a pandemia. Era caso de vida ou morte.

NeoFeed, 2024

Meses depois, a Ease Labs não só sobreviveu, virou headline.

Captou R$ 25 milhões com gestoras internacionais e agora mira a Tailândia como primeira etapa da expansão global. Da escassez absoluta ao destaque internacional, com os maiores players do Brasil e do mundo apostando no negócio.

Capital não resolve a fragilidade estrutural de negócio nenhum. Só “aumenta o zoom” nos erros e acertos. Mas quando a entrega é consistente, o dinheiro não só vem — ele escala seu impacto.

Talvez você se enxergue aqui…

acordando todos os dias com a sensação de que falta pouco para virar o jogo…

e, ao mesmo tempo, sentindo que um detalhe fora do lugar pode te arrastar para o fundo. O founder que sobrevive (e cresce) é aquele que aprende a operar entre extremos:

  • a disciplina de não se iludir com dinheiro fácil

  • a coragem de apostar tudo na janela certa

  • a frieza de entregar resultado quando o relógio corre contra.

Foi exatamente isso que a Ease Labs viveu. Eles atravessaram um campo minado de decisões, erros e apostas.

O caminho não foi óbvio, mas três pilares fizeram toda a diferença, e cada um deles pode ser o divisor de águas no seu negócio:

1. Timing não se compra

A primeira armadilha: founders acham que captar dinheiro cedo resolve a incerteza.

Não resolve.

O case da Ease Labs mostra que o maior valor está em esperar o momento certo.

Gustavo e Guilherme passaram dois anos só pesquisando, sem faturar, enquanto o setor no Brasil ainda engatinhava.

Recusaram atalhos tentadores, ignoraram o hype do wellness fácil, resistiram à pressa dos investidores que só queriam velocidade.

Muita gente à volta acelerou cedo, e quebrou. Eles preferiram andar devagar, coletando sinal do mercado.

Só foram pro all-in quando enxergaram a janela regulatória: o modelo brasileiro, com a Anvisa federalizada, criou barreiras altas e um oceano azul para quem estava pronto.

Eles só estavam esperando o vento virar.

Agora, pensa rápido:

  • Quantos founders você conhece que queimaram caixa tentando antecipar tendência?

  • Quantos começaram a captar “porque estava na moda” e, meses depois, descobriram que o mercado virou, a regulação mudou ou o próprio produto ficou irrelevante?

O principal ensinamento: a velocidade importa, mas a ansiedade confunde tudo.

O mercado adora founders que sabem esperar, observam o contexto, mapeiam o cenário e agem quando faz sentido (não quando a ansiedade aperta).

“Sair na frente" é menos sobre pressa e mais sobre saber quando dar o sprint.

Quem corre antes do tiro… queima a largada.

2. Capital só faz sentido com entrega

Na Ease Labs, os primeiros R$ 10 milhões foram alocados com obsessão em infraestrutura, verticalização e compliance regulatório. Cada real tinha dono e prazo.

Resultado?

Entregaram a primeira indústria farmacêutica de cannabis 100% certificada pela Anvisa no Brasil.

A Ease Labs entregou marcos duros. No fim, isso gerou mais confiança, menos narrativa e, principalmente, acesso a rodadas maiores, porque follow-on só existe para quem mostra entrega.

A verdade dura:

No mercado, ninguém é pago para prometer.

O jogo é: quem entrega, fica. Quem só fala, dança.

Você pode levantar o seed mais rápido da turma, mas se não transformar cada centavo em produto, cliente, validação ou processo sólido, seu equity começa a se dissolver antes mesmo de crescer.

O investidor não é bobo, ele está sempre olhando além do pitch.

Quer ver produto na rua, pipeline evoluindo, clientes usando, auditoria entregue.

O cheque inicial é barato. O próximo exige prova. Founder que foca em entrega constrói reputação: vira “founder investível”, independente do mercado.

Checklist de sobrevivência para a sua Startup:

  • Cada real captado tem dono, prazo e objetivo mensurável?

  • Sua Startup entrega marcos práticos? (menos aplicável se você ainda estiver validando a ideia)

  • O time sabe o que precisa entregar para o próximo cheque ou está “tocando operação” no piloto automático?

Entregue mais do que você promete. Sempre.

3. Investidor não é só fonte de grana.

Investidor é selo de validação e alavanca de confiança para novas rodadas.

O Gustavo trouxe fundos institucionais, consultorias renomadas e investidores globais.

Cada rodada foi desenhada para aumentar musculatura: primeiro family & friends, depois VCs, depois venture debt para evitar diluição excessiva.

O Itaú BBA levou um ano para fechar a rodada de venture debt.

Um ano para um cheque grande (falamos sobre no vídeo, dá uma conferida). Isso é muito rápido.

Isso só acontece quando o cap table é saudável, o relacionamento é maduro e o negócio já gera receita previsível.

Bons investidores compram resiliência, narrativa e números.

Checklist final, que eu aplicaria hoje se quisesse captar recursos:

  • Mapeie seu mercado: onde a regulação cria ou destrói valor?

  • Liste entregas concretas: que marcos você pode mostrar?

  • Monte um cap table limpo e escolha sócios que validem seu negócio no mercado.

  • Planeje a próxima rodada antes de precisar do dinheiro.

  • Entenda seu CAC, LTV e margem — fale como operador, não só como sonhador.

Sendo franco, o que mais me marcou nessa conversa com o Gustavo não foi o cheque de R$25 milhões.

Foi o momento em que ele disse, com a maior naturalidade do mundo:

“Falhar nunca foi uma opção.”

Não tem metáfora que vença essa frase.

A história da Ease Labs mostra que não existe captação sem entrega, e não existe vitória sem disciplina.

E se você está empreendendo hoje, talvez essa história tenha chegado até você na hora certa.

Vai pra cima. Um passo de cada vez.