Como preparar sua empresa para um exit de 8 dígitos

No último encontro presencial do nextround.club falamos sobre bootstrapping, governança e exit para corporações. Conversei com o Edson Rigonatti (Astella) e com o Rafael Yoshioka, que fundou e vendeu a Hypnobox para a Senior Sistemas por $29 milhões.

Abaixo alguns insights importantes. Em nosso canal no YouTube você confere os principais momentos da conversa. Se quiser ver a aula completa é só entrar para o nextround.club ⏩️.

O Limbo entre Term-Sheet e SPA (contrato de venda)

É quase um ritual: você assina o term-sheet, vai comemorar com a equipe e, de repente, a negociação seca na due diligence. Até ali, tudo parecia acertado – mas basta surgir a primeira inconsistência em algum relatório para o valuation despencar ou para o negócio simplesmente não sair.

Na maior parte dos casos, o que derruba a venda não é falta de potencial ou mercado, e sim a ausência de processos bem definidos. Demonstrações financeiras em aberto, acordos societários indefinidos e obrigações fiscais sem rastreamento transformam o processo em um quebra-cabeça que ninguém quer montar.

Rafael Yoshioka tinha clareza desse desafio desde o primeiro dia. Ao criar a Hypnobox, ele implementou rotinas financeiras e jurídicas com a mentalidade correta: ter uma empresa comprável. Não por pressa, mas por disciplina. Quinze anos depois, quando a Senior Sistemas bateu à porta, tudo já estava no lugar, e a transação fluiu como deveria.

O que Torna Uma Startup “Comprável”

Antes de tudo, ter um produto sólido e alinhado às dores dos clientes é pré-requisito. Ou seja, product market fit não basta. As rotinas de gestão precisam estar funcionando como um relógio. É isso que garante a confiança do início ao fim da transação.

Além disso, o backoffice deve refletir com precisão a performance das vendas e o valor da marca. Num processo de M&A existe sempre uma janela de oportunidade. se o deal não flui, o interesse esfria. E quando esfria, as chances de fechar evaporam.

A solução para não travar é se preparar antes, justamente quando não há deal na mesa:

• demonstrações financeiras auditáveis;

• contabilidade em dia com balanços revisados;

• documentos jurídicos centralizados e atualizados;

• processos documentados e acessíveis.

Bootstrapping + Mentalidade de Venture Capital

Mesmo sem buscar aporte, entender a lógica do capital de risco é essencial — e foi isso que deu vantagem à Hypnobox. Rafael estudava métricas e a mecânica dos fundos para calibrar seu próprio desempenho, mesmo sem intenção de levantar rodadas.

Esse mindset trouxe benefícios claros:

• Métricas sólidas (MRR consistente, churn controlado) que indicam previsibilidade de receita;

• Storytelling claro, com narrativa que faz sentido tanto para investidores quanto para compradores;

• Plano B pronto, pois, caso surgisse necessidade, equity ou dívida poderiam ser acionados sem recomeçar do zero.

Com isso, a Hypnobox não apenas manteve a casa em ordem, mas também ganhou credibilidade extra no momento do exit.