Como Abordar e Negociar com Anjos e Fundos Early Stage

Guia prático para transformar reunião em negociação com investidores.

🧠 Costumo dizer que 80% dos problemas de caixa numa empresa podem ser evitados se o empreendedor/a começar a levantar capital agora, justamente quando não precisa.

Nesse artigo, vou aprofundar em sete fundamentos relacionados ao primeiro contato entre founders e investidores:

  • Timing ideal para buscar dinheiro;

  • O jogo da atenção;

  • Tipos de investidores no early stage;

  • Fundraising é priorização;

  • A melhor forma de abordagem;

  • O que eles esperam da 1st call;

  • A arma secreta.

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Quando Devo Começar a Buscar Dinheiro?

Antes de precisar.

Acredite, essa é a única resposta.

Mais cedo ou mais tarde, você vai precisar de capital — seja para crescer ou para sobreviver.

E levantar dinheiro leva mais tempo do que imagina. Quando começa cedo, com caixa no banco, tira o elemento da pressão. Isso te dá espaço para planejar com mais clareza e executar com mais assertividade.

Quando o dinheiro começa a acabar, você entra em qualquer conversa. Fica passivo no processo. Em outras palavras: perde poder de escolha. O desespero é um veneno para sua capacidade de raciocinar.

Antes de marcar qualquer reunião, considere 8-12 semanas de preparação. Essa é a única etapa do processo que está sob seu controle. Se você atropelar essa fase, vai ter dor de cabeça mais pra frente.

Levantar dinheiro por equity é uma ciência completamente diferente de ir no banco e aprovar uma linha de crédito.

Venture Capital é um jogo de acesso — e acesso é relacionamento. É sobre construir confiança com as pessoas certas, no tempo certo.

São camadas. Sinais. Construção de reputação. E isso leva tempo.

Fundraising é uma das quatro disciplinas fundamentais na rotina de um founder/CEO. Se constrói com antecedência e consistência. Não é sprint — é maratona.

Se você não está dedicando (no mínimo) 25% do seu tempo para buscar capital, talvez seja hora de repensar sua rotina.

O Jogo da Atenção

Você não está competindo só por capital.

Antes do cheque, está competindo por atenção.

E atenção de investidores é escassa, seletiva e difícil de reconquistar depois de um primeiro contato mal feito.

Assim como você, o investidor também acredita que tempo é seu ativo mais precioso.

Fundos recebem centenas de decks por mês. Uns 10 a 15% viram reunião. E uma fração disso avança para discussão de termos. É um funil brutal — e o que filtra não é só a tese.

A forma como você se apresenta já comunica se você é alguém que vale o tempo dedicado ou não.

A maioria dos e-mails recebidos por VCs são genéricos, mal direcionados, sem contexto e com um tom quase robótico.

É fácil para o investidor declinar.

Difícil é esquecer quem, desde o início, mandou uma mensagem clara, direta e com conexão genuína.

Se o único objetivo na reunião é conseguir o cheque, você está desperdiçando 99,9% das conversas. As chances de alguém investir em você, numa reunião isolada, é de 0,1%.

O mindset correto é usar cada interação como uma oportunidade de construir.

Construir entendimento, aprendizado e relacionamento.

Seu objetivo é gerar atração, não se vender. Parece contraintuitivo, mas é assim que funciona. Fazer perguntas abertas. Pedir feedback sincero. Explorar cenários juntos. Atuar nos gatilhos mentais.

Sabe o que acontece quando você faz isso?

Demonstra maturidade. Na cabeça do investidor, essa maturidade leva à sensação de segurança.

E, ironicamente, aumenta sua chance de investimento.

Você precisa se destacar no meio do barulho. Mas não é gritando mais alto. É se conectando melhor.

  • Estude a tese do investidor antes de entrar em contato. Mostre que existe fit real.

  • Entenda o timing. Alguns estão alocando capital agora, outros ainda nem levantaram o fundo.

  • Personalize sua abordagem. Demonstre que você sabe com quem está falando — e por que.

Você não precisa impressionar. Precisa ser relevante. Porque atenção se conquista com contexto — e contexto exige preparo.

Tipos de Investidores no Early Stage

Antes de pensar em quem abordar, você precisa entender o tipo de jogo que cada investidor joga.

Muita gente acha que levantar capital é sair falando com todo mundo do mercado.

Não é.

Isso é ruído. É desperdício de energia e, principalmente, de tempo — seu e do investidor.

Cada investidor tem uma expectativa diferente: de risco, retorno, governança, maturidade do time e até uso do dinheiro.

Capital Próprio

O bolso é o órgão mais sensível do corpo humano. Se você quer que os outros coloquem a mão no bolso, comece colocando a mão no seu.

Skin in the game, pra mim, significa duas coisas: dedicação full time e dinheiro próprio no negócio. Esse capital serve para tirar a ideia do papel: validar hipótese, prototipar, rodar os primeiros testes com usuários.

Friends & Family

É emocional, informal e, por isso mesmo, exige cuidado dobrado. São pessoas que confiam em você — não na sua planilha.

Use esses cheques pequenos (entre $50k e $250k) para dar os primeiros passos estruturados: montar time, evoluir o produto, conquistar os primeiros clientes.

Devolva esse dinheiro assim que possível. Pela minha experiência, família e amigos ficarão bastante felizes se você simplesmente não perder o dinheiro deles.

Anjos e Aceleradoras

Aqui entram players que já conhecem o jogo — e querem contribuir além do dinheiro.

Aceleradoras trazem rede, mentoria, visibilidade e metodologia. Anjos experientes podem ser seus melhores aliados, abrindo portas para rodadas futuras ou até apresentando fundos.

Prefira aqueles com experiência no seu mercado de atuação. Cuidado com deals que não envolvem nenhum centavo. O comprometimento é proporcional ao quanto dói no bolso.

Family Offices e Micro VCs

Nem todos os family offices investem em startups. Mas muitos vêm buscando diversificação via early stage — especialmente nos mesmos setores onde construíram suas fortunas.

O processo costuma ser menos estruturado do que fundos tradicionais — e muitas vezes mais relacional.

A mecânica dos micro VCs é parecida, com uma diferença: o capital vem de diversos cotistas, e não de um único patrimônio. São veículos com cheques entre $500k e $2,5M, que entram com convicção e acompanham de perto.

Pense como um anjo com cheque maior. Se tiver acesso, é uma das melhores alternativas para transição do caos para a tração.

Fundos de VC (pre-seed e seed)

Aqui o jogo muda. Começam as rodadas institucionais. Existe processo. Existe comitê. Existe diligência jurídica e contábil. Mas também existe mais capital, mais influência e, muitas vezes, mais suporte.

Fundos que lideram rodadas tendem a fazer cheques acima de $5M. Os que acompanham, entre $1M e $3M.

Corporate VCs

Fundos corporativos são estratégicos por definição. Eles não buscam apenas retorno financeiro — buscam sinergia, distribuição, inovação próxima do core business.

Às vezes, querem também benefícios comerciais. Cuidado com os termos e condições. Os cheques costumam ser maiores, mas o processo é mais lento. Se houver alinhamento, pode ser um parceiro poderoso no médio e longo prazo.

MORAL DA HISTÓRIA

O caminho mais curto para o dinheiro é saber o que você quer — e entender o que a sua empresa precisa. A melhor forma de errar é achar que todos são iguais — e abordá-los da mesma forma.

Fundraising é um Exercício de Priorização

Você não tem tempo (nem energia) pra falar com todo mundo.

E nem deveria.

Investidores não são todos iguais.

Eles têm teses, estágios definidos, setores de interesse, restrições de governança e — o mais negligenciado — preferências pessoais.

Primeiro passo: construir um CRM de fundraising.

Uma lista totalmente customizada ao seu negócio, minuciosamente elaborada com pessoas que têm real potencial de virar investidoras.

Para sua sorte, eu já fiz o trabalho mais difícil pra você.

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Comece refletindo sobre três pontos:

  1. Qual o estágio da sua empresa?

  2. Quanto capital você precisa para chegar ao próximo degrau?

  3. Qual o melhor perfil de investidor para esse momento?

Depois disso, antes de abordar alguém, faça seu dever de casa sobre o potencial sócio:

  • Pesquise os interesses e a tese de investimento

  • Analise as empresas em que ele/a já investiu

  • Leia entrevistas, escute podcasts, assista palestras

Esse trabalho vai te ajudar a responder três perguntas essenciais:

  • Quem vale seu tempo?

  • Quem pode dizer sim agora?

  • E como fazer esse contato da forma certa?

Onde buscar essas informações? Hoje, a melhor combinação é AI + Sales Navigator.

A Melhor Abordagem é por Dentro.

Você pode até tentar fazer cold call, mas isso raramente funciona.

Sabe o que é melhor?

Ser apresentado por alguém em quem o investidor confia.

Esse é o jogo do acesso.

Investidores são muito mais receptivos quando a recomendação vem da comunidade deles — seja um founder investido, um LP, um par de confiança ou alguém do ecossistema com histórico de credibilidade.

Por isso, a melhor abordagem é sempre por dentro.

Mas não basta pedir uma intro por e-mail e encaminhar o deck.

Existe uma anatomia para uma abordagem eficaz — e ela passa por três elementos fundamentais:

Contexto: Por que você está falando com esse investidor? Qual é a conexão entre o que você está construindo e o que ele costuma investir?

Clareza: O que exatamente você está pedindo? É um feedback, uma reunião, um convite para um evento fechado?

Conexão: Como você chegou até ele? Quem está fazendo a ponte e por que essa pessoa validou você?

Agora, os caminhos de entrada mais eficientes:

Por startups investidas: Empreendedores do portfólio já têm o selo de aprovação do investidor. E conhecem como ninguém a tese e o perfil dos sócios. Se confiam em você, essa credencial abre portas de verdade.

Por LPs do fundo: Nem sempre é fácil acessar, mas LPs (os cotistas) têm canal direto e peso na relação. Eles são, na prática, os verdadeiros clientes do gestor — e, por isso, têm prioridade.

Por pares: O mercado é pequeno. No Brasil, são cerca de 200 fundos ativos e poucos milhares de investidores anjo. Se comparado à população, é uma panelinha. A maioria se conhece — e sabe exatamente o que o colega gosta.

Por atração: Conteúdo, eventos, podcasts, social… tudo isso constrói percepção. Se você gera valor publicamente, passa a ser notado. E, com frequência, procurado.

O objetivo da abordagem não é o cheque. É conseguir o 1st call.

O que Eles Esperam da 1st Call

Conseguiu a primeira reunião? Ótimo. Deu um passo importante.

Mas foi só o primeiro passo. Não se apresse. O objetivo da primeira conversa não é convencer, é conectar.

Não se venda. Seja comprado.

O investidor quer entender três coisas:

  • Você tem clareza do problema que está resolvendo?

  • Existe um caminho viável de crescimento por trás da sua visão?

  • Você é alguém com quem ele gostaria de passar os próximos 7 a 10 anos?

Não transforme essa oportunidade num monólogo cronometrado. É conversa, não palestra.

A equação ideal de tempo é: 20% a 30% de apresentação e o restante dedicado a perguntas e respostas — dos dois lados.

Sim, também é seu papel avaliar o investidor. Ele entende seu mercado? Tem fôlego para investir nas próximas rodadas? É bem relacionado? De onde vem o dinheiro que ele investe?

1st call bem-sucedida é aquela em que o próprio investidor propõe o próximo encontro.

Arma Secreta: Followup

Se sua empresa estiver fora dos critérios do investidor, nem existirá 1st call — ou você saberá disso nos primeiros minutos.

Então, se ele não sugeriu o próximo encontro, isso não significa que você tomou um "não".

Entenda isso como um "ainda não."

Esse é o outcome em mais de 80% das conversas — portanto, não se preocupe. O erro é interpretar isso como rejeição — e desaparecer. Fundraising é um processo de venda complexa. É preciso nutrir o relacionamento.

Como? Simplesmente mantenha sua startup no radar.

Checklist pós 1st call:

  • No dia seguinte, agradeça pela conversa e envie o deck.

  • Na semana seguinte, peça algo leve — uma intro, um conteúdo, uma sugestão.

  • Mensalmente, envie updates por e-mail. Sem anexos ou PDFs pesados. Apenas texto e números no corpo da mensagem.

Follow-up regular demonstra execução consistente.

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Até a próxima! ✌🏼😉

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